sábado, 12 de novembro de 2011

Petrobrás tem menor lucro desde crise de 2009


Petrobrás tem menor lucro desde crise de 2009



A Petrobrás teve queda de 26% no lucro líquido do terceiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2010. O lucro da companhia no trimestre de julho a setembro de 2011 foi de R$ 6,336 bilhões, ante R$ 8,56 bilhões no terceiro trimestre do ano passado.
Já aguardado, o resultado tem origem, segundo especialistas, na valorização do dólar no período (de 20,45%), especialmente no fim de setembro. A moeda americana passou, no terceiro trimestre, de R$ 1,5262 para R$ 1,882. Parte da dívida da Petrobrás é contraída em dólar. Com a valorização da moeda americana, ela cresceu 12,3% em relação ao segundo semestre, chegando a R$ 49,501 bilhões.
O lucro de R$ 6,336 bilhões no período é o pior resultado da companhia desde 2009. No primeiro trimestre daquele ano, a Petrobrás teve lucro de R$ 5,816 bilhões. Essa é também a primeira vez, desde então, que a estatal tem lucro inferior a R$ 7 bilhões. Naquele trimestre houve a influência do início da crise no mercado imobiliário dos Estados Unidos, o que provocou queda nas vendas da estatal e despesas financeiras decorrentes da variação cambial. No terceiro trimestre, a companhia teve despesa financeira de R$ 5,284 bilhões, ante resultado financeiro líquido positivo de R$ 1,968 bilhão em igual período de 2010.
Em entrevista após a divulgação dos números, o diretor financeiro, Almir Barbassa, afirmou que, mesmo com o impacto da variação cambial, a empresa conseguiu aumentar a geração de caixa medida pelo Ebitda. No terceiro trimestre deste ano, o Ebitda totalizou R$ 16,672 bilhões, com expansão de 13,1% em relação ao mesmo período do ano passado.
Saldo negativo. Segundo Barbassa, o saldo negativo da balança comercial da estatal no terceiro trimestre foi motivado principalmente pela substituição do etanol por gasolina no consumo brasileiro. No acumulado do ano, a balança ficou negativa em R$ 3,4 bilhões. Ele disse que a safra de álcool foi menor em 2011, enquanto a demanda doméstica cresceu. Como o valor dos derivados não estimulou os empresários, a Petrobrás teve de importar um volume maior para atender o mercado interno.
A receita líquida da petroleira no terceiro trimestre foi de R$ 64,179 bilhões, alta de 17,2% em comparação com o mesmo período de 2010. O resultado tem como razão principal a recuperação das cotações do petróleo na comparação anualizada. Esse efeito foi parcialmente compensado pela estratégia da Petrobrás de manter os preços da gasolina e do diesel inalterados.
Os investimentos somaram R$ 50,8 bilhões de janeiro a 30 de setembro, queda de 10% na comparação com o mesmo trimestre de 2010. O endividamento líquido foi de US$ 49,5 bilhões. O custo de extração de petróleo da Petrobrás no Brasil, de US$ 13,37 por barril no terceiro trimestre, teve crescimento de 1,9% em relação aos US$ 13,12 apontados pela estatal no trimestre anterior.
O indicador desconsidera as participações governamentais. Incluindo as taxas pagas ao governo (royalties e participações especiais), o custo de extração caiu de US$ 35 para US$ 31,25 por barril. Em relação ao terceiro trimestre de 2010, o custo de extração do barril do petróleo cresceu 26,13%, sem contabilizar a participação governamental.
'Muito do crescimento foi por causa da valorização do dólar, que impacta diretamente nas taxas governamentais pagas sobre o petróleo extraído', disse o diretor. / COLABORARAM KELLY LIMA E MONICA CIARELLI

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